sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O silêncio

Este ano de 2010 fiz várias coletas a última que fiz foi no Estado do Mato Grosso no pequeno município de Novo Santo Antônio, conhecidos por alguns por pantanal do Araguaia. A coleta foi mais especificamente no Parque Estadual do Araguaia, um ambiente de paisagens belíssimas que variam desde campos alagáveis abertos até ambientes florestados chamados de impucas. Chegamos lá num domingo a tarde, as coletas começariam apenas na segunda de manhã. Descarregamos as coisas, limpamos e organizamos tudo. Bem no fim da tarde meus colegas foram pescar no rio das Mortes que fica a 100 metros da sede. Quando me deparei com aquele rio lindo, de almas camas e o sol no poente fiquei em silêncio profundo, pois pra mim aquela paisagem era plena de contemplação. O sol aos poucos se alinhava ao horizonte, o céu azul intenso, e o rio refletia os raios do sol. A mata do lado oposto perdia as cores e vez por outra passava uma ave. O rio calmo, minha alma, meu corpo estáticos, apenas o meu coração pulsava. Então finalmente o dia se entregou pra noite. Esta trouxe de presente uma lua prateada, além do uma quantidade infinita de estrelas, mais parecia uma peneira tapando o sol. A noite foi só contemplação. No dia seguinte acordamos antes das cinco, pois o caminho até o ambiente de coleta ficava muito longe. A lua não tinha partido ainda, mas os primeiros raios do sol já despontavam no nascente, era a aurora anunciando o novo dia. Aquele céu crepuscular me despertou de sobressalto, pra minha surpresa fazia um frio muito intenso. A umidade do ar quase 80%. Tomamos café, subimos na toyota se seguimos até o ambiente de coleta, no caminho vi um cervo do pantanal, enorme, vermelho. Quando chegamos no local onde iamos coletar o sol já tinha saído. Então eles foram coletar nas impucas e fui coletar minha planta nos campos. Caminhei bastante quando finalmente encontrei minha planta, encontrei também o silêncio pleno. Naquele instante era só eu e a natureza. Sem uma pessoa, uma palavra, um animal, apenas plantas, lindas plantas, coloridas plantas e a luz intensa do sol. Aquele silêncio ecoou dentro de mim. Meus pensamentos começaram falar e comecei a conversar comigo mesmo. Sobre tudo que penso, que sei, que sou. Um louco, naquele momento me senti um louco conversando como silêncio do araguaia. Tanta beleza as vezes provoca reações na gente que não esta acostumando. Parei coletei minha planta. Sentei e passei o resto do dia a contemplar o silêncio. Os três dias que permaneci lá fiquei contemplando o silêncio do mato, do rio, do povo, da terra.

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